Mensagem Pastoral na abertura do Ano da Fé
“A fé cristã é um encontro e uma relação pessoal com Jesus Cristo”
Caros padres, diáconos, religiosos, religiosas, seminaristas e fiéis leigos e leigas da Diocese de São Miguel Paulista,
A Igreja, unida em um só coração e numa só alma, abre solenemente o Ano da Fé, convocado pelo Papa Bento XVI para o período de 11 de outubro de 2012 a 24 de novembro de 2013. Em comunhão com toda a Igreja estamos unidos ao Papa como Igreja Diocesana de São Miguel Paulista, na abertura do Ano da Fé.
Convidar os fiéis para reavivarem a sua fé é uma constante prática da Igreja. Jesus recomendou a Pedro: “Tu, uma vezconfirmado, confirma teus irmãos na fé” (Lc 22,32) e Pedro, na sua primeira carta, exorta os cristãos a estarem unidos ao “Senhor Jesus Cristo e estar sempre prontos a dar a razão da vossa esperança” (1Pd 3,15), pois, nossa esperança está fundamentada e enraizada na fé em Jesus Cristo..
Há pouco tempo, em 1967, o Papa Paulo VI proclamou o Ano da Fé para comemorar o décimo nono centenário do martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo e constituir “um momento solene, para que houvesse, em toda a Igreja, uma autêntica e sincera profissão da mesma fé” dos apóstolos, nos primeiros anos após o Concilio.
Na Carta Apostólica a “Porta da Fé”, em que proclama o Ano da Fé, o Papa Bento XVI revela que desde o início de seu pontificado sentiu “a necessidade de redescobrir o caminho da fé para fazer brilhar, com evidência sempre maior, a alegria e o renovado entusiasmo do encontro com Cristo”.
A celebração dos 50 anos da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, convocado pelo Papa Beato João XXIII (1962-1965) e os 20 anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica pelo Papa Beato João Paulo II (1992) ambos comemorados neste mês de outubro, foram o momento favorável para a proclamação do Ano da Fé, quando será realizada a XIII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos com o tema “a Nova evangelização para a transmissão da fé cristã”.
Na sua Carta Apostólica, o Papa afirma que “A Porta da Fé” ( At 14,27), que introduz na vida de comunhão com Deus e permite a entrada na sua Igreja, está sempre aberta para todos. Este caminho tem início no Batismo, pois, pelo Batismo fomos sepultados com Cristo na morte, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, assim também nós vivamos uma vida nova (Rm 6,4). O Papa continua afirmando que nos dias atuais é necessário um empenho de toda a Igreja para realizar uma nova evangelização que nos leve a redescobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé.
Meus irmãos e minhas irmãs, este é o tempo favorável, este é o momento de graçapara crescermos na consciência de nossa dignidade de filhos de Deus pelo batismo e membros da Igreja fundada por Jesus Cristo que disse a Pedro: “tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e as portas do inferno não poderão vencê-la” (Mt 16,18).
Não tenhamos medo de assumir a nossa identidade de cristãos católicos, fundamentada na Bíblia, na Tradição, no Magistério, na presença real de Jesus Cristo entre nós pela Eucaristia, na veneração a Maria que nos foi dada por Mãe, por Jesus na Cruz e na devoção aos Santos, irmãos na fé que, diante de Deus, intercedem por nós.
Muitos de nós fomos formados numa família com valores religiosos: aprendemos com nossos pais o valor da missa dominical e o respeito ao Dia do Senhor, a piedade mariana com a reza do terço que nos introduzia na vivência dos mistérios de nossa redenção, a quaresma e a semana santa como verdadeiro mergulho nos sofrimentos e na Paixão do Senhor, a preparação do presépio e o natal como momentos de celebração e confraternização da família. A vida dos cristãos católicos era totalmente envolvida pela liturgia da Igreja. Assim se aprendiam as verdades da fé mesmo antes de aprender o Credo.
Os tempos mudaram de forma vertiginosa, são mudanças estruturais, culturais e de valores. A instituição familiar, base da sociedade e da Igreja, sofre constantes ataques e desafios. Infelizmente muitas famílias já não são mais determinantes na transmissão da fé. Daí a necessidade de uma nova evangelização para a transmissão da fé, ajudando os fiéis a acolher em sua vida a pessoa de Jesus Cristo. Neste contexto, a família cristã católica alicerçada na fé, no encontro com a pessoa de Jesus Cristo, será uma luz para iluminar e evangelizar o mundo, sendo profeta da alegria e da esperança de novos tempos.
É sobretudo nas paróquias e nas comunidades que o Ano da Fé deve acontecer. Propiciar momentos de leitura orante da Bíblia, estudo sobre a pessoa de Jesus Cristo, dias de formação e retiros, criar e multiplicar as Escolas da Fé e motivar o estudo do Catecismo da Igreja Católica.
Exorto a todas as paróquias e comunidades para que tenham um cuidado todo especial com as crianças, adolescentes e jovens desenvolvendo uma catequese contínua que os leve a fazer a experiência de Jesus Cristo. Incentivem a implantação da Infância, adolescência e juventude missionárias como meios de ajudar a viver e desenvolver a fé, enfim, criar estruturas que dêem espaço e oportunidades para a atuação dos nossos jovens.
Em reunião do clero de nossa Diocese levantamos sugestões para o Ano da Fé a nível Diocesano que terá momentos formativos e celebrativos. No entanto, insisto que o Ano da Fé deve acontecer na base eclesial, ou seja, nas famílias, nas pequenas comunidades e nas paróquias.
Coloquemo-nos sob o manto protetor da Mãe de Deus e nossa, a quem invocamos sob o título de Nossa Senhora da Penha, e confiemos a ela todos os nossos projetos e iniciativas evangelizadoras neste “Ano da Fé”. Que São Miguel Arcanjo nos proteja e defenda de todo o mal.
São Paulo, 11 de outubro de 2012.
Dom Manuel Parrado Carral
Bispo Diocesano de São Miguel Paulista
Observação: Esta mensagem está disponível no site da Diocese e deve ser lida nas missas dos dias 12, 13 e 14 de outubro, em todas as paróquias e comunidades.