Vocação: dom de Deus e dom da Igreja
A pastoral vocacional, responsabilidade de todo o Povo de Deus, acompanha o processo de discernimento.
“A vocação sacerdotal é um dom de Deus, que constitui certamente um grande bem para aquele que é o seu primeiro destinatário. Mas é também um dom para a Igreja inteira, um bem para a sua vida e missão” (PDV 41). Como dom de Deus, pedimos ao Senhor que “mande trabalhadores para a sua messe” e como dom da Igreja assumimos a responsabilidade de preparar, incentivar, educar, acolher e cuidar dos vocacionados.
A pastoral vocacional, embora não exclua outras vocações, dá ênfase às vocações para o sacerdócio e à vida consagrada. A vocação “é condição para assumir o ministério presbiteral”. Conforme afirma o Documento 93 da CNBB sobre a formação, - Diretrizes para a Formação dos Presbíteros da Igreja no Brasil, - “... ninguém pode arrogar-se o direito de escolher o ministério de presbítero com base unicamente em suas aspirações”. Daí a importância vital de uma pastoral que possa ajudar no discernimento e que tenha critérios de avaliação das aptidões e do progresso de caminhada dos candidatos.
Como espaço do primeiro discernimento vocacional se encontra a pastoral vocacional. Busca favorecer os jovens vocacionados a se capacitarem a optar pela vocação presbiteral por meio do despertar para a vocação humana, cristã e eclesial; ajudar a perceber e discernir o chamado de Deus; auxiliar a cultivar a própria vocação; acompanhar o processo de opção livre e consciente; acompanhar o vocacionado naquilo que é específico ao ministério de presbítero.
A pastoral vocacional “... começa na família e continua na comunidade eclesial” (DFPI 105). Ela é fruto de uma sólida pastoral de conjunto, nas famílias, na paróquia, nas escolas católicas e nas demais instituições eclesiais. Todos são responsáveis: o bispo diocesano, os presbíteros, a família, as pastorais da juventude e movimentos juvenis, as pequenas comunidades, os diversos grupos e movimentos, os educadores e os seminaristas.
Na nossa Diocese de São Miguel Paulista sempre existiu, e bem organizada, a pastoral vocacional. Hoje ela funciona promovendo o acompanhamento dos vocacionados pelo período de dois anos em duas etapas. A primeira está baseada na linha do despertar vocacional e a segunda em encontros e acompanhamento específicos para os que se encaminham a uma opção mais definida.
Para a primeira etapa, do despertar vocacional, são acolhidos todas as pessoas jovens, garotos e garotas, que se interessam em conhecer os caminhos da vocação cristã. São promovidas várias atividades durante um ano, como encontros vocacionais, vigílias, retiro espiritual, encontros de coroinhas e outras atividades religiosas e culturais. Essa etapa está sob a responsabilidade de uma equipe formada por padres, religiosas, leigas consagradas e mães que se reúnem continuamente para programar, avaliar e revisar as atividades da pastoral além de participarem de encontros de formação.
Para segunda etapa são mandados pela equipe da primeira etapa os jovens que pretendem se apresentar para o ministério presbiteral. Eles são acompanhados por dois padres e uma psicóloga leiga. Essa etapa busca ajudar os jovens vocacionados a fazerem uma experiência mais profunda do chamado de Deus e lhes dar melhores condições de fazerem sua escolha. Há nove encontros que se realizam durante a tarde de sábado no Seminário Diocesano no espaço de um ano. Os temas principais são: Projeto de vida, capacidade de opção, vocação sacerdotal, afetividade, sexualidade, vida celibatária, presbítero diocesano como pastor e líder etc.
Com toda a Igreja, nós cremos que Deus distribui seus dons e continua a chamar operários para a sua vinha. Embora conscientes dos desafios, nos alegramos na esperança de que podemos ajudar a comunidade cristã a ter bons padres, pastores dignos de coordenar a caminhada do povo de Deus.
Dom Manuel Parrado Carral