Homilia para a jornada mundial de oração pelos sacerdotes
Solenidade do Sagrado Coração de Jesus
Santuário Eucarístico Nossa Senhora da Penha
01 de julho de 2011
Caros Padres,
Estamos reunidos para celebrar esta Eucaristia no dia em que a Igreja nos convida a rezar pela santificação dos sacerdotes. Há 16 anos, precisamente aos 25 de março de 1995, o hoje Beato João Paulo II acolheu a proposta da Congregação para o Clero de se celebrar um Dia de Oração pela Santificação dos Sacerdotes, por ocasião da solenidade do Sagrado Coração de Jesus. Este ano, essa celebração se reveste de um significado todo especial, pois, celebramos os 60 anos de ordenação sacerdotal de nosso Papa Bento XVI, ordenado padre aos 29 de junho de 1951.
No evangelho proclamado, João narra a manifestação de Jesus ressuscitado a seus discípulos e relata o diálogo entre Jesus e Pedro. Nesse diálogo, por três vezes, Jesus pergunta a Pedro se ele O ama. Ao ouvir a pergunta pela terceira vez, Pedro fica triste e diz: Senhor, Tu sabes tudo. Sabes que Te amo. Convém lembrar que depois de cada resposta afirmativa, Jesus confere ao apóstolo o encargo de apascentar as ovelhas.
Meus caros padres, na Igreja o serviço nasce do amor. É no amor que Pedro deve cumprir seu serviço, amando toda a Igreja. Jesus, o Bom Pastor, constitui Pedro, como Seu vigário na terra. As ovelhas e os cordeiros são de Jesus, mas, Pedro deve prestar-lhes o serviço de amor e de guia. Jesus, o Bom Pastor, dá a vida pelas ovelhas e anuncia a mesma sorte àquele que será o seu vigário na terra: Estenderás a mão para que seja, eventualmente, pregada em uma cruz.
O que vale para Pedro, vale para cada papa e vale para cada um de nós, pois, em comunhão com o Santo Padre, partilhamos do seu ministério, apascentando o rebanho do Senhor que nos foi confiado pelo Papa, para o serviço à Diocese, e pelo Bispo para o serviço às comunidades.
Rezemos, pois, pelo Papa Bento XVI, para que o Senhor o conforte, o fortaleça e o sustente no exercício de seu ministério Petrino promovendo a unidade, a paz e a concórdia na Igreja, para que ela seja um sinal no mundo de hoje. Celebrar os 60 anos de sacerdócio do Papa Bento XVI é um motivo a mais para refletirmos sobre a grandeza do sacerdócio. Que esse nosso encontro, em oração, nos ajude a identificar a nossa vida com o Coração de Jesus, o Bom Pastor.
Cada sacerdote é um dom de Deus à Igreja, um bem para sua vida e para sua missão. Portanto, a Igreja é chamada a proteger este dom, a estimá-lo e a amá-lo. A Igreja é responsável pelo nascimento e pela maturação das vocações sacerdotais. Daí o sentido dessa jornada de oração pela santificação dos sacerdotes. Os sacerdotes alcançam a santidade, de maneira autêntica, pelo exercício do seu ministério, desempenhado sincera e infatigavelmente no Espírito de Cristo, como afirma o Decreto Presbyterorum Ordinis.
O Papa Bento XVI, na Exortação Apostólica pós-sinodal Sacramentum Caritatis, escreveu: “a espiritualidade sacerdotal é intrinsecamente eucarística; a semente desta espiritualidade já se encontra nas palavras que o Bispo pronuncia na liturgia da ordenação: ‘Recebe a oferenda do Povo Santo, para apresentá-la a Deus.
Toma consciência do que vais fazer e põe em prática o que vais celebrar, conformando a tua vida ao mistério da Cruz do Senhor”.
A primeira leitura da solenidade de hoje, retirada do livro do Deuteronômio, lembra que Deus ama a humanidade: “O Senhor vos escolheu e vos ama. Tú és um povo consagrado ao Senhor teu Deus.” E na segunda leitura, João afirma que Deus nos amou primeiro, antes que o conhecêssemos e o amassemos. Este amor de Deus para conosco manifesta-se, sobretudo, no envio de seu Filho para que vivamos por Ele. Deus é amor e quem permanece no amor, permanece em Deus e Deus permanece nele.
Deus ama a humanidade, ama o seu povo e, por isso, quer dar a este povo guias e pastores conforme o seu coração. Precisamos estar enraizados em Jesus Cristo para vivermos de sua própria vida, sustentados pela Palavra e fortalecidos por Seu Corpo e Sangue. Como naquele dia, às margens do lago de Tiberíades, Jesus interrogou a Pedro, por três vezes, perguntando se o amava, antes de lhe confiar a sua Igreja, hoje Ele também faz a mesma pergunta a cada um de nós.
Em um momento de silêncio vamos visualizar a pessoa de Jesus diante de nós, dizendo o nome de cada um e perguntando: Tu me amas? Peçamos a proteção de São Miguel Arcanjo e as bênçãos de Nossa Senhora da Penha para que, dóceis à ação do Espírito Santo, no silêncio de nossa oração, possamos dar a resposta que Jesus espera receber de cada um de nós.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
Dom Manuel Parrado Carral