Homilia no Encontro Anual dos Vicentinos - Ginásio do Corinthians - 28/08/2016
É com muita alegria que estamos aqui reunidos para a celebração da Eucaristia, fonte e ápice da vida cristã, onde somos alimentados pela Palavra de Deus e pelo Pão da Vida. Saúdo e acolho com alegria a todos os presentes que são convidados a construir uma profunda amizade com a pessoa de Jesus Cristo e impulsionados pelo Espírito Santo a anunciar e partilhar com coragem o que ouvimos e vivenciamos.
Celebrar a Eucaristia neste encontro anual dos conselhos da sociedade de São Vicente de Paulo que neste ano tem como tema: “Um olhar de caridade” é o momento privilegiado para expressar todo o nosso carinho e a nossa devoção para com aquele que com sua vida, mais do que com seus escritos, nos ensinou e continua a nos ensinar a descobrir no pobre a pessoa de Jesus Cristo.
Nas pegadas de São Vicente de Paulo e do beato Frederico Hosanan os membros da Sociedade São Vicente de Paulo se propõem a seguir Jesus Cristo e dar testemunho do amor de Deus, servindo aos Pobres e necessitados com esperança, mediante o contato pessoal.
Para comunicar o carisma que lhe foi dado, Vicente de Paulo oferece um caminho de humanização que ele percorreu durante toda sua vida. Ele não nasceu santo. Inicialmente sua vida girava em torno dele mesmo, seus projetos pessoais e seus interesses. Em um segundo momento sua vida se concentrava em Deus e finalmente, alcançou a grande graça de viver para os pobres em quem servia a Jesus Cristo. A espiritualidade vicentina é uma espiritualidade cristocêntrica.
O beato Frederico Hosanan seguindo as pegadas de Vicente de Paulo, preservando a identidade da mística vicentina, deu novo dinamismo ao serviço do Pobre conforme sua época. Muda o contexto mas permanece a fidelidade à inspiração primeira, ao dinamismo do carisma e da mística.
Em Frederico Hosanan encontramos os parâmetros para um processo dinâmico de comunicar o carisma e a mística de Vicente de Paulo ao mundo de hoje.
As leituras da celebração litúrgica deste 22º domingo do tempo comum nos transmitem a mensagem da simplicidade e da humildade, virtudes tão apreciadas por São Vicente de Paulo, e tão necessárias para que haja uma verdadeira comunicação com Deus e com os pobres, nossos senhores e amos como dizia nosso santo fundador.
O trecho do evangelho que foi proclamado, segundo São Lucas, pode ser chamado de o Evangelho da gratuidade. Nele Jesus pede que as pessoas sejam simples e humildes no seu relacionamento com o próximo, colocando-se no último lugar, a serviço de todos. Isso porque, por si mesmo o homem não é nada. Tudo o que ele tem e é vem da gratuidade de Deus e foi recebido de graça. Nós não temos nada de que nos gloriar.
A palavra de Deus, na primeira leitura, nos convida a realizar nossos trabalhos com mansidão e transparência e a sermos humildes e simples, pois assim encontraremos misericórdia diante do Senhor. O motivo desta atitude é Jesus Cristo que veio para servir e não para ser servido como dizia São Vicente: “foi um grande favor que Deus concedeu a esta pequena e miserável Companhia, a felicidade de imitar Jesus Cristo”.
Nossa identidade deve estar voltada para os pobres assim como Cristo se identificava com eles. A solicitude para com os pobres deve ser a graça e o tesouro das Comunidades Vicentinas. Nesta certeza de que em Jesus Cristo a luz vence as trevas, a humildade vence a prepotência e o orgulho, cantamos com o salmista: “Com carinho preparastes uma mesa para o pobre. Dos órfãos Ele é pai e das viúvas protetor... com carinho preparastes essa terra para o pobre.”
Estamos celebrando o Ano Santo da Misericórdia.Vamos viver intensamente este Ano Santo Jubilar indo ao encontro dessa fonte inesgotável de misericórdia que nasce do Coração de Deus. Confio a vocês, dou como missão a vocês: com “um olhar de caridade” visitar as famílias que têm pessoas idosas, doentes, encarceradas e levar a todos esta boa notícia da Misericórdia Divina que nos é oferecida neste Ano Santo Jubilar.
Divulguem em todos os meios e ambientes as oportunidades de graças e perdão que este Ano Jubilar da Misericórdia oferece a todos não excluindo ninguém. Sejam missionários da Misericórdia! A realidade do nosso sofrimento físico, psíquico, familiar, comunitário e social vai sendo transformada em ressurreição através da intimidade de nossa vida com a pessoa de Jesus Cristo e pela atuação de nossa fé no meio familiar, comunitário e social.
Somos peregrinos neste mundo, somos o Povo de Deus a caminho. É grande a alegria de nos sentirmos como irmãos e irmãs, caminhando juntos para o Pai que nos espera de braços abertos. Aumenta a nossa confiança e a nossa alegria sabermos que o próprio Cristo se fez peregrino e caminha, ressuscitado, no meio de nós.
Nesta celebração vamos rezar de modo muito especial pelas pessoas que sucumbidas pelos sofrimentos e pelas dificuldades não conseguem enxergar a realidade com os olhos da fé. Dirigindo a elas “um olhar de caridade” vamos nos comprometer a sermos missionários da Divina Misericórdia e da alegria do Evangelho. Que São Vicente de Paulo, Santa Luiza de Marillac e o beato Frederico Hosanan nos ajude nesta missão.
Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo
Dom Manuel Parrado Carral