Mensagem Pastoral
Caros Padres, Diáconos, Religiosos, Religiosas, Seminaristas, Ministros Não Ordenados, Agentes de Pastoral e amados fiéis de nossa Diocese de São Miguel Paulista,
Paz e Bem!
“Hoje não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor! Quando se multiplicavam as preocupações no meu coração, as tuas consolações, Senhor, alegravam a minha alma. Vinde, exultemos no Senhor, aclamemos o Rochedo que nos salva” (Sl 94/95).
Estamos vivenciando uma quaresma muito especial, despojada de toda exterioridade, quando o Senhor nos chama a viver na interioridade, na intimidade com Ele, neste verdadeiro Kairós, tempo de graça e de Misericórdia Divina.
Foi com dor e sofrimento, solidário com toda a diocese, que emiti as notas pastorais, de 14, 20 e 21 de março, restringindo e, finalmente, cancelando todas as celebrações com a participação dos fiéis. Isto é muito doloroso para o coração dos pastores: bispo e padres, pois sabemos o quanto representa de sofrimento para nossos fiéis a não participação nos atos litúrgicos, principalmente na Santa Missa e na celebração da Semana Santa com o solene Tríduo Pascoal.
Em momentos como este, cresce nossa vivência e consciência de Igreja Povo de Deus; nossa Fé na Comunhão dos Santos. Somos uma família, a família de Jesus Cristo: “Todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12,50). Consola-nos a presença solícita de nosso Papa Francisco que, como representante visível de Jesus Cristo em sua Igreja, reza e está próximo de todos os fiéis do mundo inteiro e, através da Penitenciária Apostólica, nos lembra e garante os tesouros de graça que nos advêm do Sacrifício de Cristo Jesus que nos redimiu.
A Penitenciária afirma que, devido a “gravidade das circunstâncias atuais, para obter a Indulgência plenária:
- os doentes de coronavírus, os que estão em quarentena, os profissionais de saúde e familiares que se expõem ao risco de contágio para ajudar quem foi afetado pelo Covid-19, poderão simplesmente recitar o Credo, o Pai-Nosso e uma oração a Maria;
- Os outros fiéis poderão escolher entre várias opções: ler as Sagradas Escrituras por pelo menos meia hora, ou rezar o Terço, ou fazer a Via-Sacra ou o Terço da Divina Misericórdia, pedindo a Deus a cessação da epidemia, o alívio para os doentes e a salvação eterna daqueles a quem o Senhor chamou a si;
- Lembramos aos agentes de saúde e de assistência aos idosos e doentes que a Indulgência plenária também pode ser obtida pelos fiéis que, no momento da morte, não tiverem a possibilidade de receber o Sacramento da Unção dos Enfermos e do Viático: neste caso, recomenda-se o uso do crucifixo.
A Penitenciária Apostólica lembra os fiéis que, na dolorosa impossibilidade de receber a absolvição sacramental, a contrição perfeita proveniente do amor de Deus, amado sobre todas as coisas, manifestada por um sincero pedido de perdão e acompanhada pelo desejo de se confessar assim que for possível, obtém o perdão dos pecados, até mesmo os mortais.
Na conclusão, o decreto destaca que neste tempo a Igreja experimentou o poder da Comunhão dos Santos, e assim “eleva orações ao seu Senhor crucificado e ressuscitado, em particular o sacrifício da Santa Missa, celebrado diariamente, mesmo sem pessoas, pelos sacerdotes”. A Igreja implora ao Senhor, reitera o decreto, que a “humanidade se liberte desse flagelo, invocando a intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe de Misericórdia e Saúde dos Enfermos, e de seu Esposo São José, sob cujo patrocínio a Igreja sempre andou pelo mundo”.
Recomendo aos fiéis, neste tempo de reclusão forçada, a retomarem o belo costume da reza do terço, da leitura e reflexão da Bíblia em família, da reza do Terço da Misericórdia e da convivência fraterna. Estas práticas fortalecem a família, verdadeira Igreja Doméstica. Impossibilitados de participar do Santo Sacrifício Eucarístico, que todos acompanhem diariamente a Santa Missa transmitida pelas TVs Católicas: preparem seu coração, como se estivesse na Igreja; convide o Senhor para sua casa; acompanhe com atenção as orações e a reflexão sobre a Palavra de Deus; na hora da comunhão, faça sua comunhão espiritual. Este momento de unidade nos fortalece e ajuda a conservar a Fé, a Esperança e a Alegria que brota da certeza que o Amor vence todo mal.
Caros Padres, neste tempo de sofrimento e inatividade, venho trazer a certeza de minha proximidade junto a cada um pelas orações. Que nossa fraternidade presbiteral se intensifique neste momento: peço aos padres mais jovens atenção e cuidado junto aos padres mais idosos e doentes. Para isso usem os meios de comunicação, já que ninguém pode se expor e todos devem permanecer em casa. Que nenhum se sinta isolado e esquecido... Sejam criativos na caridade fraterna. A Eucaristia diária, em privado, seja celebrada na intenção do nosso povo, principalmente dos mais pobres, aos quais faltam os meios necessários para uma prevenção; também se celebre pelos doentes e profissionais da saúde. Que seja a Santa Missa o momento de seu encontro espiritual com o povo que lhe foi confiado. Esta unidade com a porção de seu rebanho lhe dará ânimo, fortaleza, coragem e esperança. Que nada retire de nós a Alegria de estarmos a serviço dos irmãos e do Evangelho. Quanto à Missa do Crisma, será celebrada por mim em privado na quinta-feira santa, às 9h. Que estejamos espiritualmente unidos em oração, renovando nosso compromisso sacerdotal.
Venho trazer, também, uma palavra de conforto e apoio solidário aos médicos, aos enfermeiros e a todos os profissionais da saúde; aos voluntários e a todos os que estão empenhando seus esforços para garantir os serviços básicos essenciais na luta contra esta pandemia: estou muito próximo de todos vocês pelas orações. Como pastor e pai, quero enviar uma palavra de incentivo às Irmãs de Santa Marcelina e a todo o corpo clínico e colaboradores de seus hospitais e ambulatórios, assim como às comunidades religiosas e aos leigos que em nossa Diocese cuidam dos idosos e moradores de rua.
Continua em vigor a suspensão de todas as celebrações e outros eventos pastorais e religiosos com participação do povo. Quanto aos templos, na medida do possível, continuem abertos ao povo.
Confio nossa Diocese a Jesus, o Bom Pastor. Invoco a guarda de São José, Patrono da Igreja; a proteção materna de Nossa Senhora da Penha e de nosso padroeiro diocesano, São Miguel Arcanjo, sobre todos nós. Envio a todos minha especial bênção, e tenham a certeza de que todos estão presentes em minhas orações. Rezem por mim.
São Paulo, 27 de março de 2020
Dom Manuel Parrado Carral
Bispo Diocesano de São Miguel Paulista