Homilia no 3º Encontro de Ministros não Ordenados da Diocese de São Miguel Paulista
Basílica da Penha – 25/11/2012
Meus irmãos e minhas irmãs:
Na solenidade de Jesus Cristo Rei do Universo e no dia dedicado aos leigos e leigas, é com alegria que acolho todos vocês, neste Santuário da Mãe, na realização do terceiro encontro de ministros e ministras não ordenados da Diocese de São Miguel Paulista, neste Ano da Fé, aberto pelo Papa Bento XVI no último dia 11 de outubro e que se encerrará no dia 24 de novembro de 2013, solenidade de Cristo Rei.
Na primeira leitura, retirada da primeira carta de São Paulo a Timóteo, ele assim se expressa: “peço com insistência, pela manifestação de Cristo e por seu reinado: proclama a Palavra, insiste oportuna e inoportunamente, convence, repreende, exorta com toda paciência e com a preocupação de ensinar”.
O Papa Bento XVI na Carta Apostólica “A Porta da Fé” com a qual proclamou o Ano da Fé nos exorta a ouvirmos o mandato de Jesus que nos envia pelas estradas do mundo para anunciar o Evangelho a todos os povos da terra. O Papa afirma: “também hoje é necessário um empenho eclesial mais convicto a favor de uma nova evangelização, para descobrir de novo a alegria de crer e reencontrar o entusiasmo de comunicar a fé”.
Neste ano somos convocados pela Igreja para aprofundar a nossa fé cuja porta de entrada é o Batismo que nos concedeu a graça de chamar a Deus de Pai. A fé nos dá a certeza que pelo Batismo Deus entrou em nossa vida e nós entramos na vida de Deus.
Meus irmãos e minhas irmãs, quero repetir a vocês o que disse na mensagem pastoral de abertura do Ano da Fé, dirigida a toda nossa Diocese: este é o tempo favorável, este é o momento de graçapara crescermos na consciência de nossa dignidade de filhos de Deus pelo batismo e membros da Igreja fundada por Jesus Cristo que disse a Pedro: “tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e as portas do inferno não poderão vencê-la” (Mt 16,18).
Não tenhamos medo de assumir a nossa identidade de cristãos católicos, fundamentada na Bíblia, na Tradição, no Magistério, na presença real de Jesus Cristo entre nós pela Eucaristia, na veneração a Maria que nos foi dada como Mãe, por Jesus na Cruz e na devoção aos Santos, irmãos na fé que, diante de Deus, intercedem por nós.
Muitos de nós fomos formados numa família com valores religiosos: aprendemos com nossos pais o valor da missa dominical e o respeito ao Dia do Senhor, a piedade mariana com a reza do terço que nos introduzia na vivência dos mistérios de nossa redenção, a quaresma e a semana santa como verdadeiro mergulho nos sofrimentos e na Paixão do Senhor, a preparação do presépio e o natal como momentos de celebração e confraternização da família. A vida dos cristãos católicos era totalmente envolvida pela liturgia da Igreja. Assim se aprendiam as verdades da fé mesmo antes de aprender o Credo.
Os tempos mudaram de forma vertiginosa, são mudanças estruturais, culturais e de valores. A instituição familiar, base da sociedade e da Igreja, sofre constantes ataques e desafios. Infelizmente muitas famílias já não são mais determinantes na transmissão da fé.
Daí a necessidade de uma nova evangelização para a transmissão da fé, ajudando os fiéis a acolher em sua vida a pessoa de Jesus Cristo. Neste contexto, a família cristã católica alicerçada na fé, no encontro com a pessoa de Jesus Cristo, será uma luz para iluminar e evangelizar o mundo, sendo profeta da alegria e da esperança de novos tempos.
É, sobretudo, nas famílias, nas pastorais, nos movimentos, nas comunidades e nas paróquias que o Ano da Fé deve acontecer. Propiciar momentos de leitura orante da Bíblia, estudo sobre a pessoa de Jesus Cristo, dias de formação e de retiros, criar e multiplicar as Escolas da Fé e o estudo do Catecismo da Igreja Católica em nossas paróquias.
O evangelho segundo São Mateus, que há pouco foi proclamado, está no contexto do Sermão da Montanha. Após a proclamação das Bem-Aventuranças, Mateus apresenta o ensinamento de Jesus sobre a novidade do Reino dos Céus. Jesus fala sobre a nossa responsabilidade de evangelizar. Mas, não evangelizar apenas com palavras. Ele manda-nos evangelizar com ações, com testemunhos claros para que todos vejam, entendam e queiram participar do Reino de Deus.
Vocês são a luz do mundo. Não podemos ser cristãos e deixarmos a luz que recebemos de Cristo, guardada sem colocá-la a serviço do irmão. Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la debaixo de uma caixa. Jesus não nos chamou para que fiquemos com o que dele recebemos sem o colocar a serviço dos outros.
Como cristãos, temos que dar Vida à vida deste mundo através das nossas ações e testemunho. Temos que Iluminar a vida para que a mesma siga o “Caminho” que leva ao Pai: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Mateus relaciona a Lei e os Profetas com os mandamentos das Bem-aventuranças. Ele procura mostrar às comunidades originárias do judaísmo e a nós que as esperanças estão se realizando na novidade do Reino dos Céus. Jesus vem para cumprir a Lei e os Profetas. Porém, este cumprimento se dá por uma conversão radical às novas práticas das bem-aventuranças proclamadas por Jesus. Elas constituem os novos mandamentos a serem vivenciados na humildade e no amor.
Caros Ministros e Ministras, não nos esqueçamos que viver a novidade do Reino exige o compromisso com a pastoral de conjunto, cujo princípio é a espiritualidade de comunhão e de participação. Nenhum ministério, nenhuma pastoral evangeliza sozinha, todas precisam de uma consciência de comunhão, que deve animar toda ação pastoral de nossa Igreja Diocesana em seu conjunto, como nos lembra o nosso 5º Plano Diocesano de Pastoral.
Como ministros e ministras não ordenados devemos ajudar as nossas comunidade a se entusiasmarem com a possibilidade de levar ao mundo o anúncio da presença de Jesus Cristo. Queremos ajudar os nossos padres, principalmente os que estiverem em maiores dificuldades, a cumprirem bem sua missão, pois, é por seu ministério que nós temos a presença eucarística de Jesus. Vamos animá-los e entusiasmá-los no seu serviço.
Estamos na casa de nossa mãe, Nossa Senhora da Penha. Daqui, do seu Santuário Basílica, ela vela por seus filhos e filhas e acompanha com amor de mãe todos os nossos esforços para anunciar Jesus Cristo de casa em casa. Dispostos a viver na fidelidade o chamado do mestre que nos envia em missão, temos no exemplo de Maria o incentivo e o modelo de discípulos e discípulas missionários.
Enfatizo, nós somos mais de quatro mil ministros e ministras não ordenados na Diocese de São Miguel Paulista. Se cada um de nós anunciar com a vida a obra redentora de Jesus Cristo, haverá entre nós uma grande iluminação para tantos irmãos e irmãs que ainda vivem nas trevas do erro e da ignorância.
Repito a pergunta do nosso últimoencontro: Fique em pé quem quer evangelizar.
Para que todos nos sintamos confirmados e valorizados vamos nos aplaudir, uns aos outros.
Vamos aplaudir Nossa Senhora da Penha.
Vamos aplaudir Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.
Que São Miguel Arcanjo nos proteja hoje e sempre e não nos deixe desanimar em nossa missão de discípulos missionários.
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.
Dom Manuel Parrado Carral