Mergulhados no Mistério da Trindade Santa
Continuando as formações preparadas pelos professores do nosso Instituto de Teologia São Miguel, publicamos uma sobre a Santíssima Trindade, preparada pelo Pe. André Luis de Moraes.
No domingo depois de Pentecostes celebra-se a solenidade da Santíssima Trindade. Esta festa litúrgica não é proposta para exercermos uma acrobacia intelectual para descobrirmos como três são um e um é três: antes, tem como objetivo fazer-nos mergulhar no mistério da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo.
Toda a vida da Igreja está impregnada pelo mistério da Santíssima Trindade. E quando falamos aqui de mistério, não pensemos no incompreensível, mas na realidade mais profunda que atinge o núcleo do nosso ser e do nosso agir.
O mistério pascal de Jesus Cristo, celebrado em cada Eucaristia, mergulha a comunidade eclesial sempre no mistério da Santíssima Trindade. Este mistério vivido pelos cristãos constitui o núcleo de sua espiritualidade. O Deus criador, mas é a Trindade; o Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que comunica o Espírito Santo: é assim que iniciamos a cada assembleia eucarística.
A espiritualidade litúrgica é profundamente trinitária. Embora a Liturgia celebre o mistério de Cristo, ela nunca faz sem integrá-lo no mistério da Santíssima Trindade, pois o Filho é com o Pai e o Espírito Santo. As pessoas divinas nunca agem isoladamente. Onde age o Filho, agem o Pai e o Espírito Santo.
No Ano B, no qual estamos, o Evangelho é o do envio: “Ide, portanto, e fazei que todas as nações se tornem discípulos, batizando em nome do Pai e do Folho e do Espírito Santo” (cf. Mt 28,16-20). É a revelação mais explícita do mistério do Deus Uno e Trino no Novo Testamento. Paulo garante aos romanos que pelo Espírito Santo somos filhos de Deus e podemos exclamar ”Abba”, Pai. Isso acontece em Cristo, o Filho de Deus (cf. Rm 8,14-17). No Antigo Testamento, mostra-se como este Deus é um Deus vivo, presente na história do povo eleito (cf. Dt 4,32-34.39-40).
É nessa fé que vivemos e é nela que fomos batizados. Aquele amor eterno entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo é o amor que nos invade e que devemos viver entre nós! A Trindade não é uma teoria para doutores em teologia. Ela é uma realidade concreta que deve invadir a nossa vida e a da Igreja. Porque somos cristãos, nascidos nas águas batismais, em nome da Trindade Santa, nossa vida deve ser vivida em comunhão de amor.
Crer e experimentar que Deus é Uno e Trino é viver no amor que nos faz uma só coisa no Filho Jesus e nos conserva respeitosos das diferenças e diversidades entre nós. Uma comunidade que não seja unida e respeitosa das diferenças de dons, carismas, ministérios e sensibilidades, não é uma comunidade realmente nascida da Trindade Santa, que vive o mistério da Trindade e caminha para a Trindade. Nunca esqueçamos: vimos do Pai pelo Filho no Espírito Santo; caminhamos, peregrinos para o Pai, pelo Filho no Espírito Santo. A Trindade Santa é nosso berço, nosso ninho e nosso destino.
Diante do mistério da Trindade Santa propriamente não nos resta senão adorar e dizer: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo. Amém.
Pe. André Luis de Moraes, neste semestre, leciona 'Introdução à Teologia' para a turma do 1º ano. É o atual pároco da Paróquia do Imaculado Coração de Maria, do setor São Miguel.